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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Será que o café ajuda a acordar de manhã?


Cientistas britânicos concluem: “Os que despertam com um café não ficam mais alerta do que os que nunca bebem café”.

Não se consegue concentrar no trabalho enquanto não tiver bebido o café da manhã? Se é consumidor habitual de cafeína, o mais provável é que precisa desse café para curar a “ressaca nocturna”, sugere um estudo do departamento Experimental de Psicologia da Universidade de Bristol, no Reino Unido, publicado no “Neuropsychopharmacology Journal”. Segundo os investigadores, os aficionados do café não ficam mais despertos do que os que não costumam ingerir cafeína logo de manhã.

Nos viciados em cafeína, a sensação de alerta matinal provocada pelo café pode ser apenas resultado da síndrome da abstinência, mostra o estudo. “Apesar de nos sentirmos alertados por ela, é apenas a cafeína a trazer-nos de volta ao normal”, confirma Peter Rogers, autor do estudo. Para a experiência, a equipa contou com um grupo de 162 voluntários que não bebem café ou ingerem menos de 40 mg por dia (um café normal tem cerca de 94,5 mg de cafeína) e outro com 217 consumidores moderados e exagerados.

Após 16 horas de abstinência, os cientistas deram-lhes uma dose de cafeína e um placebo. Depois, foram submetidos a uma série de testes para avaliar a atenção e a memória. No final, o nível de alerta nos “grandes consumidores” que ingeriram café após 16 horas não foi mais elevado do que nos que não costumam acordar com cafeína e receberam o placebo. O estudo ajudou ainda a provar o vício: os “agarrados” ao café que receberam o placebo viram o seu nível de alerta diminuir e sentiram dores de cabeça.

Podemos então concluir que um café não é um estimulante cerebral de manhã? “O estudo sugere que o café não é tão eficaz como se pensa, mas é, de facto, um estimulante! Se uma pessoa está sonolenta, a cafeína é recomendável”, nota o neurologista Teresa Paiva. “Provavelmente, não é a melhor solução para estar apto cognitivamente de manhã, mas não sei se é assim ao longo do dia.”

Para a especialista em fisiologia do sono, “a sensibilidade à cafeína tem grandes variações individuais” e cada pessoa tem características biológicas próprias, que podem variar com a idade. De resto, vários estudos provam que duas a três chávenas diárias ajudam a prevenir doenças degenerativas como Parkinson e Alzheimer, lembra Teresa Paiva. Por outro lado, o estudo mostra uma subida de ansiedade nos que não costumam beber café ou só consomem bebidas com cafeína como Coca-Cola, ao contrário dos “viciados”, que desenvolvem tolerância ao efeito. E também existem estudos que registaram uma diminuição da sensibilidade à insulina derivada do consumo de cafeína.

Para os que acreditam ser impossível despertar sem cafeína, experimentem um passeio ou uma boa noite de sono.

Autor: Fernando Ribeiro

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